• SAUDADE DE FERNANDO IÓRIO

    Postagem publicada em 22 de março de 2012 por em Everaldo Damião, Textos Literários


    Everaldo Damião, advogado e jornalista.

     

              Não posso deixar de relembrar, hoje e sempre, a figura inesquecível do bispo e do amigo Fernando Iório Rodrigues, na véspera dos festejos de São João Batista (padroeiro da Maçonaria). É impossível deixar de relembrar alguém que, de várias maneiras, fazia-me acreditar na sua importância e notabilidade no meio religioso, social e acadêmico. Aliás, sou um indivíduo suspeito no elogio, porque ele também tinha admiração por mim. Eu observava isso e, alguns amigos, também comentavam sobre seu interesse quanto à minha existência, quando ele indagava:: “E o Damião, como está ele?”.

    Ora, ter um amigo é possuir um tesouro. E ter um Bispo (pastor) como amigo é algo muito melhor. Os nossos interesses eram visíveis e as qualidades vistas por cada um sobre o outro são possíveis de identificação, tanto em palavras quanto em ações. Na minha convicção (convencimento íntimo), Fernando Iório era um homem gentil, simpático, criativo, solícito e protetor. Éramos parecidos nos traços de personalidade: patriótico, cívico, desembaraçado nas opiniões e com hábitos arraigados nos costumes familiares. Se Fernando Iório Rodrigues tivesse casado, em lugar de ser sacerdote, com certeza teria sido um excelente Pai de Família. Fernando Iório tinha a preocupação de manter unida a família e era exageradamente voltado a esse sentimento. Quanto ele encontrava com a minha esposa, Rosângela, não deixava de perguntar de forma mordaz: “Como o Damião está lhe tratando?” Para ser sincero, isso me incomodava, mas não me irritava, porque eu conhecia o seu temperamento em manter unida a família, em primeiro lugar. Ele era um homem de família. Gostava de contar fatos sobre sua família. Certa vez, disse-me que seu destino estava traçado: Ele seria bispo de Palmeira.

    Embora tenha nascido em Maceió (23/06/1929) e falecido também na capital (20/03/2010), aos 81 anos de idade, no exercício do cargo de Presidente da Academia Alagoana de Letras, tendo um pai, Miguel Iório, descendente de família italiana, sua mãe, Júlia Rodrigues Barbosa, era uma mulher nascida em Palmeira dos Índios.

    Possuidor de uma educação acadêmica invejável, tanto na área de filosofia quanto de linguística, e de uma cultura geral elogiável, Fernando Iório foi o artífice da criação de uma Escola Técnica Federal (ETFAL), da instalação de uma Unidade de Ensino Superior (CESMAC) e da fundação da Faculdade São Tomás de Aquino (FACESTA), cujo idealismo projetou novamente a cidade de Palmeira dos Índios no cenário educacional e cultural do estado de Alagoas, transformando a “Terra dos Xucurus” no “maior pólo de ensino superior do interior de Alagoas”, segundo suas próprias palavras, quando fazia referência à vocação histórica do município palmeirense.

    Mas, o Bispo de Palmeira dos Índios, Dom Fernando Iório Rodrigues não se limitou apenas a ser um ótimo educador, também fez uso de seu instinto paternalista e protetor  para construir a Vila do Idoso, ao lado do Seminário Diocesano, na avenida Muniz Falcão, na cidade. Nos seus 50 anos de padre e de educador, ele desenvolveu diversas atividades relevantes ao desenvolvimento social do Estado, além da sua qualidade excepcional de evangelizador. Ele também foi radialista, jornalista, poeta e escritor. Escreveu sobre Críticas Literárias (1975), Ensaios Literários (1985), Contos e Pequenas Histórias, (2003). Escreveu artigos, pronunciou discursos e fez homilias sobre Dom Adelmo Machado – o homem de Deus e do povo (1984), A Igreja e Tancredo Neves (1985). Fez música e escreveu poesias (1990). Devo a ele o meu ingresso na ADESG (Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra) e minha admissão na Docência do Ensino Superior (CESMAC), além de ter convivido, academicamente, com ele na Academia Palmeirense de Letras. Fernando Iório é um exemplo de ser humano perfeito. Agora só serão lembranças e saudade. Pensemos nisso! Por hoje é só.

    Crônica escrita pelo confrade Everaldo Damião sobre Fernando Iório Rodrigues