• OS CRIMES QUE ABALARAM ALAGOAS…

    Postagem publicada em 27 de setembro de 2012 por em Textos Literários

    OS CRIMES QUE ABALARAM ALAGOAS…

    Alberto Rostand Lanverly

    (Membro do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas e da Academia Maceioense de Letras)

                Este é o título do livro de autoria de José Jurandir. Uma peça literária, que deveria ser lida por todos os filhos da terra, pois, só assim, se entenderia a realidade dos eventos que alicerçam o cotidiano, principalmente no que se refere à violência.

    Estatisticamente, o alagoano é um povo de pouca leitura e, talvez por isto, desconhece os fatos que serviram como nutrientes às gerações passadas. Imaginam que cada novo feito, ocorrido nos tempos modernos, possui DNA atual, esquecendo que, a vida, inspira-se na mais perfeita das formas geométricas, “o círculo”, sem início ou final, onde tudo se repete.

    Importante é que, todo ser humano trás, plugado em sua compreensão, uma verdadeira “máquina do tempo”. Em determinados momentos, levando-os para trás, fazendo-os conviver com as memórias, enquanto, em outros, projetando-os para o futuro, e enxergando sonhos.

    Escrever ou devanear sobre o futuro, torna-se bem mais fácil quando se possui real idéia de tudo o quanto, um dia, aconteceu. Em “Os Crimes que Abalaram Alagoas”, pode-se desnudar conflitos hediondos que enlamearam de sangue o fértil solo de Alagoas, gerando conflitos, alguns deles familiares, que duraram décadas e só findaram quando, finalmente, tombou o último “filho” de um dos lados.

    Pode-se constatar, ainda, em suas páginas, que o grande problema se encontra no fato de, a violência praticada em Alagoas, haver sido norteada pelos que detinham o poder – fórmula ainda de sucesso, nos tempos atuais – quando a vida do próximo tinha o mesmo valor do “suspiro de um irracional”. Aí é que surgiam os vingadores, como Floro Novaes e Cabo Henrique, por exemplo.

    Em algumas situações, os “coiteiros” dos crimes eram os próprios executivos dos Municípios ou até do Estado de Alagoas, verdade que criava situações insustentáveis. Existiu, até, um governante, que, ele próprio, portando duas pistolas 45, saia por aí, prendendo seus desafetos, indo ao cúmulo de amarrar um inimigo político na carroceria de um caminhão e determinar que o motorista do veículo dirigisse “até últerior deliberação”, pela Avenida Duque de Caxias, no trecho compreendido entre a Secretaria de Saúde e o início da Praia do Sobral.  No final da tarde, somente “cotocos dos braços” do pranteado, continuavam dependurados. O “resto” tinha ficado no percurso… A população sabia e via, mas, nada dizia…

    Fatos como estes, e muitos outros, apresentados por José Jurandir, deixam claro que a impunidade é um vício popular, na terra dos Marechais. Somente os “sinistros” que interessam, são desvendados. Outros adormecem nos escaninhos do tempo, já que, por aqui, a memória é uma “vaga” lembrança. Pessoas violentas, com passado tão pregresso, como antigamente, andam por onde querem e fazem o que desejam, repetindo agressões, ceifando vidas, praticando o mal.

    Lendo o trabalho de José Jurandir, com facilidade, compreende-se o que já é de conhecimento popular. “A violência destrói o que ela pretende defender: a dignidade da vida, a liberdade do ser humano”.