• Nas Ruas Nesse Domingo

    Postagem publicada em 19 de março de 2015 por em Textos Literários

     

    Nas ruas nesse domingo

    Érico Veríssimo escreveu que domingo não era um dia de semana. Era algo diferente, era Um Estado de Espírito. Com quarenta anos dedicados à oncologia, já teria o direito de aos domingos dedicar-me ao exercício do relax: a caminhada na orla com os amigos, depois em casa, ler a Gazeta, a Veja e a Folha, ao embalo de Elis Regina, Paulinho da Viola, João Bosco, Tom Jobim e Vinicius, tendo ainda o mar da Pajuçara como fundo. Completando, o almoço com a família.

    Mas nesse domingo, dia 15, vou sacrificar tudo: vou deixar o aconchego dos meus netos e vou pra rua. Vou ser mais um entre aqueles muitos que não se conformam com o que estão fazendo com nosso País. Vou porque eles que tanto pregaram contra a privatização da Petrobrás, depois de sucessivas gestões irresponsáveis, desvalorizaram-na tanto, que agora estão pondo à venda seus ativos (U$$ 39 bilhões) na bacia das almas, no pior momento possível, privatizando o patrimônio brasileiro a preço de banana.

    Vou porque a UNE, uma entidade que nos meus tempos de estudante muito nos orgulhava pela combatividade, e era (pasmem!) contra governos corruptos, hoje é departamento de partido político. Vou porque a OAB se omite de cumprir o seu tradicional papel de defesa das prerrogativas democráticas no País e na América Latina.

    Vou porque a ABI rasga seu histórico democrático, associa-se com o facinoroso Stédile do MST e sob a régia de Lula ameaça a integridade de quem discorda da roubalheira da Petrobrás . Vou porque o lulopetismo despreza as Instituições Democráticas, as ameaças, e exalta isso debochadamente (os punhos esquerdos erguidos do petista André Vargas junto ao ministro Joaquim Barbosa no Congresso; os de José Genoíno e Zé Dirceu no mensalão). Vou pela associação ideológica com a fascista Venezuela; pela tolerância com os terroristas do ISIS, pela guarida ao criminoso Cesare Batisti, em um País que tem a criminalidade como mazela maior e precisa combatê-la exemplarmente.

    Vou, como tantos outros, porque não tolero mais tantas mentiras; vou porque sou radicalmente pela democracia e contra qualquer tipo de golpe, seja militar, seja o que se urde quando Dilma se reúne com Toffoli, logo após se apresentar como voluntário para julgar o “Petrolão” e afirmam não ter tratado do “Petrolão”. Renuncio ao repouso e o aconchego de minha casa e de minha família para protestar contra os que acham que somos todos idiotas. Vou pela sobrevivência de um mínimo de moral e bons costumes nesse País. E estaremos junto com os mais bem-informados e bem-intencionados.

    Dr. Marcos Davi Melo

    *Médico e membro da AAL