Nas ruas nesse domingo
Érico Veríssimo escreveu que domingo não era um dia de semana. Era algo diferente, era Um Estado de Espírito. Com quarenta anos dedicados à oncologia, já teria o direito de aos domingos dedicar-me ao exercício do relax: a caminhada na orla com os amigos, depois em casa, ler a Gazeta, a Veja e a Folha, ao embalo de Elis Regina, Paulinho da Viola, João Bosco, Tom Jobim e Vinicius, tendo ainda o mar da Pajuçara como fundo. Completando, o almoço com a família.
Mas nesse domingo, dia 15, vou sacrificar tudo: vou deixar o aconchego dos meus netos e vou pra rua. Vou ser mais um entre aqueles muitos que não se conformam com o que estão fazendo com nosso País. Vou porque eles que tanto pregaram contra a privatização da Petrobrás, depois de sucessivas gestões irresponsáveis, desvalorizaram-na tanto, que agora estão pondo à venda seus ativos (U$$ 39 bilhões) na bacia das almas, no pior momento possível, privatizando o patrimônio brasileiro a preço de banana.
Vou porque a UNE, uma entidade que nos meus tempos de estudante muito nos orgulhava pela combatividade, e era (pasmem!) contra governos corruptos, hoje é departamento de partido político. Vou porque a OAB se omite de cumprir o seu tradicional papel de defesa das prerrogativas democráticas no País e na América Latina.
Vou porque a ABI rasga seu histórico democrático, associa-se com o facinoroso Stédile do MST e sob a régia de Lula ameaça a integridade de quem discorda da roubalheira da Petrobrás . Vou porque o lulopetismo despreza as Instituições Democráticas, as ameaças, e exalta isso debochadamente (os punhos esquerdos erguidos do petista André Vargas junto ao ministro Joaquim Barbosa no Congresso; os de José Genoíno e Zé Dirceu no mensalão). Vou pela associação ideológica com a fascista Venezuela; pela tolerância com os terroristas do ISIS, pela guarida ao criminoso Cesare Batisti, em um País que tem a criminalidade como mazela maior e precisa combatê-la exemplarmente.
Vou, como tantos outros, porque não tolero mais tantas mentiras; vou porque sou radicalmente pela democracia e contra qualquer tipo de golpe, seja militar, seja o que se urde quando Dilma se reúne com Toffoli, logo após se apresentar como voluntário para julgar o “Petrolão” e afirmam não ter tratado do “Petrolão”. Renuncio ao repouso e o aconchego de minha casa e de minha família para protestar contra os que acham que somos todos idiotas. Vou pela sobrevivência de um mínimo de moral e bons costumes nesse País. E estaremos junto com os mais bem-informados e bem-intencionados.
Dr. Marcos Davi Melo
*Médico e membro da AAL