(Câmara de Vereadores de Maceió-AL, 25 de março de 2010, ocasião em que recebia o título de “Cidadã Honorária”, num projeto da vereadora Tereza Neuma. Eu, Isvânia Marques, fui escolhida para saudá-la).
Pedimos permissão às autoridades e convidados que se encontram neste recinto, e em especial à desembargadora Elisabeth Carvalho Nascimento, para iniciarmos este nosso pronunciamento com o poema SONATA, de sua autoria.
SONATA
Lembra o tropeço do minueto
Que dançamos pela vez primeira?
Lembra o licor que restou
No primeiro sonho lugar comum?
Lembra o adágio sonolento
Que parou na quinta nota difusa?
Lembra do adargueiro
Que na falta de guerras escudava o amor?
Lembra da tosca azenha da vovó
Que girava moendo segredos?
E ficamos no ar, eternos ébrios
Do amor que sequer começou…
Alguns (bem poucos, talvez) estranharão a intencionalidade da leitura deste poema, embora seja ele justificado pela sensibilidade poética marcante em cada verso, em cada palavra, quando sua autora (a homenageada deste dia) buscava nas janelas do passado as lembranças de seus sonhos e paixões de menina-moça. Foi nessa época (imaginamos) que desabrochou a poetisa Elisabeth Carvalho, ainda no frescor de sua adolescência, após ter saído ainda pequena de sua terra natal (Delmiro Gouveia) e passado a desfrutar das belezas “das palmas das palmeiras”, encantada pela lenda de Tilixi e Tixiliá, em nossa querida Palmeira dos Índios. Foi certamente nesse tempo que vislumbrou a literariedade própria dos poetas e poetisas, estimulada pela sensibilidade que a fez despertar para as diversas manifestações da Arte, quando o senso crítico se deixava permear pela fantasia e revestia a dura realidade.
Não, meus Senhores. Não somente exaltaremos a mulher que hoje se nos aparece vitoriosa por seus atributos e suas virtudes, pois seus méritos foram e são aclamados por todos nós. Mas, principalmente, aclamaremos a sertaneja e detentora de um caráter marcante e digno de todos os títulos que lhe foram outorgados, de todas as homenagens que lhe vêm sendo feitas no decorrer do exercício da Magistratura, galgando os mais altos postos. Ressaltaremos, ainda, a inteligência aguçada e a generosidade marcante de QUEM já nasceu para brilhar, para se sobressair no desempenho de sua missão.
Deportamo-nos, quase de forma inconsciente, à época de nossa adolescência, em Palmeira dos Índios, quando frequentávamos as bancas do mesmo colégio de freiras. Acode-nos a lembrança que, enquanto nós outras nos escondíamos atrás da estonteante timidez, que somente nos abandonou quando percebemos, finalmente, que ela apenas nos conduziria ao anonimato, já a adolescente Elisabeth Carvalho ressurgia senhora de um texto próprio que não deixava ninguém lhe usurpar seus direitos, cuja calmaria e irreverência escondiam sua força e seu poder de decisão, seu espírito de liderança, num ensaio prematuro de um futuro promissor.
Entretanto, minhas senhoras e meus senhores, sua vivência de leitura aprimorou seus horizontes, tornando-a suscetível às manifestações humanas e artísticas, num olhar multiplamente facetado, debruçado para a arte e a cultura alagoanas. As leis a impulsionaram a elaborar projetos que envolvessem cidadania e escola, desenvolvendo um trabalho social de grande dimensão. À frente da Escola de Magistratura, promove eventos culturais como: lançamentos de livros, cursos profissionalizantes, sessões de autógrafos, palestras, concursos literários, onde música e poesia formam um dueto de encanto e deleite, oportunizando magistrados, estudantes, escritores e a comunidade alagoana a beberem da fonte do saber destinada a todos, sem amparos discriminatórios.
Em nossa visão crítica de (ainda) atuantes do magistério e como discípulos da literatura, ousamos perguntar: se a Magistratura está para a Educação e a Cultura, por que não se juntam a ela os órgãos responsáveis por um Estado mais desenvolvido e culto???
Falemos, por fim, da senhora escritora, a intelectual desa. Elisabeth Carvalho, autora do livro de poesias, lançado em 2007, “Da cor do passado”, cuja alma de poeta está denunciada em tudo aquilo que escreve, sem sequer perder a voz nem o estilo, eternizando-se pelas ações e pelos escritos.
Hoje, às vésperas de seu natalício, parabenizamos a confreira ELISABETH CARVALHO NASCIMENTO, Sócia Benemérita e também Sócia Efetiva da Academia Palmeirense de Letras, ocupante da Cadeira Nº 27, cujo patrono é o músico João Evangelista de Sousa, pois, por seus méritos, muito tem honrado o nosso sodalício, uma vez que reconhecemos a sua importância e contribuição para o desenvolvimento do nosso Estado e do nosso país.
Nossos parabéns sinceros e nossa gratidão àquela que representa o ETERNO MODELO DE MULHER!!!
Isvânia Marques da Silva
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