• A RESPEITO DA ESTÁTUA EQUESTRE DE DEODORO DA FONSECA

    Postagem publicada em 17 de novembro de 2013 por em Textos Literários

     

    A RESPEITO DA ESTÁTUA EQUESTRE DE DEODORO DA FONSECA

    Alberto Rostand Lanverly

    Membro das Academias Maceioense e Alagoana de Letras e do IHGAL

    Por definição, monumento é uma obra de arte levantada em honra de alguém, ou para comemorar algum acontecimento notável. No centro de Maceió, encontra-se a Praça Marechal Deodoro, onde se vislumbra a estatua do Proclamador da República, formatada a partir de pintura de Henrique Bernardelli.

    A história tem, por pilares de sustentação, fatos que espelham uma época, quase sempre projetados à posteridade com base no julgamento crítico dos que conviveram com a ocorrência e que a descrevem de acordo com o interesse de uma minoria dominante.

    Contam os livros que o alagoano, Deodoro da Fonsêca, um monarquista convicto, viveu seu apogeu durante o período da guerra contra o Paraguai, quando comandava o segundo batalhão de Voluntários da Pátria, tendo, por atos de bravura, feito por merecer não somente todas as promoções cabíveis a um oficial do exercito brasileiro, como, também, as comendas existentes naquele período, bem anterior a 15 de novembro de 1889. No pós guerra, apesar de respeitado, o Marechal passou a exercer cargos de chefia como governador da Província do Rio Grande do Sul e Diretor do Instituto Militar do Rio de Janeiro.

    Nesta mesma época destaca-se, na história do Brasil, a figura da Princesa Isabel, mentora da Lei Áurea, que, determinando a extinção da escravidão em solo pátrio,  enfureceu a classe dominante, composta pelos ricos Barões do café de São Paulo. Ao perderem a mão-de-obra barata, representada pelos negros africanos, eles passaram a fazer oposição frenética ao Imperador, que, até então, bajulavam.

    Deodoro estava muito doente, mas, ainda assim, era o único nome que conseguia aglutinar todas as correntes dissidentes, principalmente por seu passado de glórias. Personalidades como Benjamim Constant, Quintino Bocaiuva, Rui Barbosa, Campos Salles e Floriano Peixoto, lideravam o movimento que pretendia abolir a monarquia, transformando o Brasil em uma República. A grande preocupação era que o velho Marechal morresse antes de ser tomada uma atitude.

    Registram os livros, que, quando o dia 15 de novembro amanheceu, Deodoro melhorou um pouco e conseguiu levantar-se da cama, onde, durante a noite anterior, para se virar tivera que ser ajudado por dois serviçais. Finalmente caminhou, pois, sem  sua presença inexistiria o golpe. Como não tinha forças para montar, tomou uma charrete e, já próximo ao Campo de Santana, onde estava o exército leal à causa republicana, pediu para subir em um animal. Os líderes da revolta, ao vê-lo trôpego e cambaleante deram-lhe o cavalo baio numero 6, o menos fogoso da tropa da cavalaria. O pacato equino, para trotar, teve que ser puxado pelas rédeas, por um dissimulado auxiliar.

    A história que se divulga atualmente, é bem outra. Parece inspirada na pintura de Henrique Bernadelli, onde se sobressai o herói, Marechal Deodoro, trazendo em uma das mãos seu emedalhado quepe, cheio de glórias, montando um charmoso raça pura, que parecia cuspir fogo pela boca e narinas e espantando, para bem longe, o Imperador e seus seguidores.