(Por: J. Geraldo Passos Lima*)
Um novo ano começava!…
Seus meses corriam na esteira do tempo.
Dezembro, então, com suas festas, logo chegava.
Era o Natal e a Novena da Padroeira.
As ruas, de alegria se enchiam no meu tempo de criança.
Trivolins, barcos, roda gigante… Missa do Galo…
Até a procissão no 1º de janeiro, acontecia.
Rezas na Matriz e euforia na praça…
Nove noites de festança…
Leilões, zabumba, reisado e pastoril
Das tradições da minha terra Palmeira.
Abraçados, e nas roupas novas enfatiotados,
Namorados desfilavam.
Com os pés empoleirados nos calçados apertados,
Os matutos coxeavam.
Se incômodas as bolhas fossem,
Os sapatos eram itinerantes… Ora nos pés, ora nas mãos,
Era assim o Natal do meu tempo de menino,
De tradições, a cada dezembro repetidas.
Mas… Tudo se findou.
Os foguetes de Zé Caipira nas explosivas salvas,
E o repicar alegre dos sinos, já não os ouço.
Tudo se findou…!
Já não sinto o doce do algodão doce,
Nem do doce picolé da sorveteria de seu Teté.
Cachos de roletes de cana, também já não há.
Não há também a barraquinha de pescaria,
Nem as banquinhas do joguinho de bozó.
Sinto saudades… Procuro no tempo.
O tempo está longe… Ficou para trás.
Não mais o alcanço!
A não ser nas lembranças
Que a minha cabeça, guardá-las ousou.
A voz roufenha de um alto falante, nela ficou:
“Alô! Alô! Garota de saia azul e fita branca no cabelo…”
Era empolgação, era amor… Era paixão de um tímido rapaz.
Meu pai e minha mãe aqui já não estão.
Meus irmãos cresceram. Crianças já não são.
Tudo na praça acabou… Ficou distante.
Perto, só esta saudade que maltrata meu peito.
Dezembro…! Natal…! Festa da Padroeira…!
Tudo se foi… E se findou!
*(É Membro da APALCA)