(Por: José Geraldo Passos) *
Quando o arrebol anuncia o exalar do dia,
transmudando o céu do seu manto azul,
a tarde se despede.
E a noite chega em seu traje solene,
de pirilâmpicas estrelas, adornado.
A paisagem, antes verde,
prateia-se agora com o olhar da lua.
A libido da natureza se manifesta,
ao espargir, do seu hálito lascivo,
a silvestre e inspiradora fragrância.
Desde os montes aos vales o seu sopro se faz sentir suave,
quando arrepia as mais tenras folhagens.
E mais forte, fazendo dançar as esbeltas casuarinas
que varrem os céus com seus pendões.
Ao longe já se ouve o violão que plange triste
e nos chega no eco de uma apaixonada canção.
É a voz de um tímido menestrel que perambula na friagem da noite,
a sua platônica paixão pela insone donzela,
aconchegada no calor do quarto.
Nem o piar agourento da rapina que passa veloz
sobrepõe-se ao mavioso cantar.
E nas alcovas, onde arrulham os ardentes amantes,
Cupido, certeiro, dardeja seus corações.
*É Membro da APALCA