VIDA E HISTÓRIA DA PROFESSORA ROSA EULÁLIA PIMENTEL E DO EDUCANDÁRIO 7 DE SETEMBRO
ROSA EULÁLIA PIMENTEL nasceu no dia 06 de fevereiro de 1888, em Palmeira dos Índios, à rua Major Cícero de Góes Monteiro, antiga Rua de Baixo. Filha de José Pinto Pimentel e da professora Estadual Hermelinda Bárbara de Souza Melo. Faleceu em Maceió, no dia 02 de fevereiro de 1994, faltando 04 dias para completar 106 anos. Em Palmeira dos Índios, fez o seu Curso Primário com a sua própria mãe. Veio para Maceió, no Collégio Baptista Alagoano, onde fez o seu Curso Ginasial . Em 1922, foi para o Recife fazer o seu Curso Normal na Escola de Trabalhadoras Cristãs, no Collégio Americano Baptista. Em novembro de 1926, completou o seu Curso Normal, recebendo o “Grau de Professora” para ensinar o Curso Primário até o Admissão ao Ginásio. Teve também formação em Educação Religiosa e rudimentos em Música Sacra.
Terminado o seu curso no Collégio Americano Baptista, em Recife, em 1926, vai para Salvador (em 1927), onde trabalha com a Igreja Batista Dois de Julho e se prepara melhor para o seu ideal de voltar a Palmeira dos Índios, sua cidade natal a fim de educar com eficiência (e da melhor maneira possível) aqueles que almejavam crescer nas sendas do saber.
No dia 07 de setembro de 1933, na casa situada à rua Major Cícero de Góes Monteiro, onde tempos depois funcionou o Tiro de Guerra, nasceu o Educandário 7 de Setembro. O primeiro corpo docente foi formado pelas professoras Rosa Eulália Pimentel, Beatriz Benita Pimentel, sua irmã mais nova, e mais três outras professoras. Funcionou neste local até dezembro de 1942. Em janeiro de 1943, muda-se para a Praça da Independência, 57, para um amplo edifício de propriedade do Sr. Filadelpho Wanderley. No dia 30 de dezembro de 1936, a Diretoria de Educação do Estado de Alagoas, através do Decreto Estadual 2.225, registra o Educandário 7 de Setembro, deixando-o apto a funcionar como Educandário Particular de Instrução Primária Fundamental Comum, Infantil, Supletivo e Complementar.
Já em 03 de dezembro de 1956, teve seus Estatutos registrados no Cartório do Sr. Luiz Vieira de Barros, provando – através do mesmo – sempre ministrar o ensino literário sem prejuízo da boa e sadia educação cristã, educando gratuitamente (como vinha em fazendo desde sua fundação, em 1933) as crianças de pais reconhecidamente pobres e de qualquer crença religiosa.
O referido estabelecimento de ensino sempre foi particular e de propriedade da professora Rosa Eulália Pimentel. Primou também por uma disciplina rígida e da melhor qualidade possível em ensino.
A professora Rosa Eulália Pimentel deixou-se dominar sempre por um “santo ciúme” de seu Educandário, ao ponto de não confiar a nenhuma outra professora o ensino do Jardim da Infância e também do Admissão ao Ginásio. Ela sempre dizia que queria ensinar as primeiras e a últimas letras de sua escola. Dizia ela que “quando a criança aprendia a ler e escrever erradamente, ela continuava fazendo errado até o final da vida”. Até a posição de pegar o lápis para escrever e o modo como escrevia as letras tinha que ser corretamente.
Em seu Educandário, sempre se aprendeu a amar o saber e à Pátria Brasileira. Havia muito respeito e amor às autoridades constituídas do País, do Estado e do Município. Os símbolos da Pátria, do Estado e do Município tinham lugar primordial no Educandário 7 de Setembro. Nele, cantavam-se semanalmente os hinos: Nacional Brasileiro, à Bandeira, da República, do Estado, do Município e do Educandário.
A professora Rosa Eulália Pimentel era exímea alfabetizadora, dominava a Língua Portuguesa, História, Geografia, Matemática e Ciências Naturais. Os alunos eram, em sua maioria, bem-comportados. Quando algum aluno fugia às normas disciplinares e estudantis, recebia as devidas consequências e os castigos inerentes à realidade daqueles dias. O aluno que não aprendia no Educandário 7 de Setembro também não conseguia aprender em outras instituições de ensino.
A professora Rosa Eulália Pimentel sempre foi relevante para o Estado de Alagoas, como para a Sociedade Palmeirense. Recebeu várias homenagens, inclusive o nome de uma Escola Municipal, durante a gestão do prefeito Gileno Sampaio. As famílias de projeção da cidade tiveram seus filhos matriculados no Educandário 7 de Setembro e jamais vieram a ter decepções. Comerciantes, políticos, fazendeiros, funcionários públicos, ministros de confissão religiosa e demais moradores de Palmeira dos Índios e de cidades outras de Alagoas e de Pernambuco procuravam a Instituição para matricularem seus filhos.
A Escola 7 de Setembro era mantida pela contribuição das matrículas e mensalidades dos alunos. Também recebia (de quando em vez) algumas subvenções do Governo Federal. O preço cobrado não era exorbitante, mas acessível a todos que a procuravam. Quem não podia pagar integralmente, recebia sempre algum abatimento, contanto que não deixasse de matricular seu filho.
O edifício da Praça da Independência era muito bem-servido de salas com janelas amplas e voltadas para a praça, que o tornavam ventilado e bem-iluminado, naturalmente, quase sempre com a luz solar. A professora Rosa Eulália Pimentel residia nas dependências do próprio Educandário, sempre em companhia de sobrinhos que os acolhia como filhos e, às vezes, alunos internos de cidades interioranas e sítios.
Do Educandário 7 de Setembro saíram alunos que se notabilizaram na política, nas Forças Armadas, nas várias áreas da Medicina, Advocacia, Magistério, Comércio, Repartições Públicas e do Ministério Pastoral. Homens e mulheres dali saíram para bem representar a nossa cidade por onde passaram (e têm passado), à semelhança de Lenini Mota, Robson Mendes, David Pinto Pimentel, Mirtes Calheiros, Rubem Calheiros, Waldomiro Mota, José Marques, José de Oliveira Costa, Rui Guimarães Costa, Alba Mendes Muniz Falcão, Antônio Balbino Filho, Maristela Balbino, Marinalva Balbino, Walter Mendes, Roberto Mendes, Isabel Maria Maia Tavares, Japhet Fontes, Israel Pinto Pimentel, Paulo Bezerra Nunes, Erasmo Maia Vieira, Sebastião Dias de Oliveira, Alberto Nogueira, Geraldo Ribeiro de Lima, José Muniz de Oliveira, José Tavares da Mota, Genilza Vieira Góes, Josete Duarte Sampaio, Wanda Ramos, Pedro de Barros Góes, Samuel Freitas Cerqueira, Maria Salete Costa, Mabel Costa, Paulo Oliveira Costa, Irajá Brandão, Itamar Brandão, Alírio Brandão, Irisdalva Cavalcante Vieira, Arai Ribeiro Eliziário, Vilma Medeiros Queiroz, Jarbas Tenório, Rubem Eliziário Barbosa, Tamal Zaidan, Remilda Eliziário Barbosa, Débora Teixeira Pinto, Olga Pinto de Barros, Iaponira Pimentel Costa, Remy Ferreira Barros, Alba Mendonça Granja, Iris Dalva Vasconcelos, Carlos Alberto Cavalcante Pimentel, Jassé Tenório de Freitas, Denício Calixto, Débora Pinto Barros, Rute Sampaio, Gessé de Souza Pimentel, Juarez de Souza Pimentel, Gessiva de Souza Pimentel, Jacy de Souza Pimentel, Juarez de Souza Pimentel, além de muitos outros.
O Educandário 7 de Setembro encerrou suas atividades no dia 30 de novembro de 1997, com 44 anos de bons serviços prestados. Neste ano, com 89 anos de idade, a professora Rosa Eulália Pimentel ainda exercia suas atividades à frente da Instituição que, com amor, dedicação e denodo fundara em 7 de Setembro de 1933, embora já sentíssemos suas forças diminuírem a cada dia. Por providência Divina, o jornalista e escritor Luiz Torres publica um breve histórico sobre sua vida, relatando nas entrelinhas a grande realidade. Considerando que a professora Rosinha Pimentel (como era conhecida) não queria largar suas atividades por não ter cuidado de seu plano de aposentadoria, aproveitei o escrito de Luiz Torres e escrevi ao Professor Divaldo Suruagy, então Governador do Estado, no sentido de que o mesmo procurasse ver u’a maneira legal de o Estado vir em socorro a esta Mestra de Gerações.
Deus tocou poderosamente no coração do Governador, que enviou através do Doutor Jorge Quintela, seu representante na Assembleia Legislativa Estadual, uma solicitação em favor da professora Rosa Eulália Pimentel. Os deputados, em coro e por unanimidade, votaram em seu favor a sua aposentadoria como Professora do Estado por MERECIMENTO, com direito a aumento todas as vezes que fosse concedido ao Funcionalismo Público Estadual. Assim sendo, a professora Rosinha Pimentel, no final deste ano de 1977, encerra suas atividades e as do Educandário 7 de Setembro, por não encontrar quem se dispusesse a assumir tais responsabilidades.
No dia 13 de fevereiro de 1978, muda-se para uma casa situada à rua Frei Domingos, 80, a fim de gozar sua merecida aposentadoria com 90 anos de idade.
Esta é – em linhas gerais – uma pequena contribuição deste palmeirense, sobrinho da professora Rosa Eulália Pimentel, esperando ter contribuído para enriquecer este contexto histórico sobre a vida exemplar como Educadora e Cristã, desta filha ilustre de Palmeira dos Índios.
PASTOR E PROFESSOR ISRAEL PINTO PIMENTEL
Maceió, 10 de junho de 2012.