José Delfim da Motta Branco

CADEIRA Nº 05

ACADÊMICO: Ronaldo Messias Barbosa

José Delfim da Motta Branco é natural de Palmeira dos Índios, nascido no dia 25 de janeiro de 1930. Era filho do casal Salustiano Veríssimo de Souza Branco e de dona Antônia da Mota Branco.
Toda a sua infância e parte da adolescência foram vividas na Princesa do Sertão Alagoano. Apesar dos tempos difíceis, Zé Branco, como era mais conhecido, guardava boas lembranças dessa época. Teve contato com as primeiras letras com Ananete Macedo, professora do Grupo Escolar Almeida Cavalcante, a melhor instituição de ensino da época. Depois foi transferido para a Escola Normal Dom Bosco, situada à Praça Guedes Gondim, atual Praça Francisco Cavalcante, que é mais conhecida pelo nome de Praça das Cassuarinas.
Nessa época, Zé Branco ficou doente da visão, quase o levando à cegueira. Perdeu 90% dela. Apesar de seu pai não possuir muitos recursos, ele não mediu esforços para tratar da visão do seu único filho homem. Dr. Oceano Carleal era um médico de Penedo/AL muito famoso na época. Diziam que fazia verdadeiros milagres para recuperar a visão de seus pacientes. Salustiano levou seu filho à presença desse oftalmologista, e depois de alguns meses ele recuperou 70% da visão perdida. Porém foi piorando à medida que Zé Branco avançava na idade. No final da vida, Zé Branco só lia com ajuda de uma lupa.
Zé Branco era um homem de poucos amigos. Seus argumentos eram polêmicos. Suas idéias não eram compreendidas pela população. Vejam uma delas: Abandonada pelos políticos, Palmeira dos Índios começou a definhar e para ele só tinha um jeito: era ela voltar a pertencer ao Estado de Pernambuco.
Apesar de difícil relacionamento, ele contava nos dedos seus amigos de infância: Benito Lessa Netto, João Wanderley e os gêmeos Raimundo e Jota Passos. Durante a II Grande Guerra Mundial, Zé Branco foi estudar no Colégio Guido de Fontgalant, em Maceió.
Na capital alagoana, conheceu uma bonita moça de nome Aparecida Gomes e foi flechado pelo cupido. Como não teve permissão de seu sogro para cortejar a moça, fugiu com ela. Casou-se no dia 07 de dezembro de 1947, em Palmeira dos índios, nascendo dessa união dois filhos: Robson e Salustiano Neto (Salu).
Em 1949, começou a trabalhar na Cooperativa Banco Popular e Agrícola de Palmeira dos Índios, na carteira de crédito pessoal. Depois foi chamado para ser o Secretário da Câmara Municipal de Palmeira dos Índios.
Por ser um homem tímido, encontrava nos livros o companheiro para as horas de solidão. Começou a escrever o que pensava e sempre mostrava seus escritos ao seu grande amigo Luiz B. Torres. Juntos, fundaram o Centro Literário Palmeirense, uma espécie de Academia de Letras, e utilizando o serviço de som da Prefeitura, tornavam público os trabalhos literários de seus membros.
Zé Branco começou a colaborar com todos os jornais da cidade, do Estado e alguns de Pernambuco. Para cobrir as despesas de casa, começou a trabalhar como fotógrafo, deixando um grande acervo para a posteridade.
Em 1960, fundou o Teatro Amador de Palmeira dos Índios (TAPI) com alguns amantes da arte dramática e tornou-se o âncora do programa radiofônico “Drama do Cotidiano”, uma espécie de novela do rádio, que contava os fatos do cotidiano da cidade. Isso lhe trouxe um grande problema. Políticos inconformados mandaram metralhar sua residência. Disse-me ele que sabia quem tinha sido o autor intelectual do atentado, mas a verdade nunca veio à tona.
No final da década de cinqüenta, entra para a Faculdade de Direito de Alagoas e, posteriormente, para a de Filosofia. Em 1965 é chamado para lecionar no Colégio Estadual Humberto Mendes e foi aí que ele se realizou profissionalmente. Gostava de ensinar. Pelas suas mãos passaram muitos homens que hoje são destaque nas suas profissões.
Aposentou-se em 1989, passando a viver para a Advocacia. Mas, o diabetes começou a lhe atrapalhar a vida, até que, em maio de 2000, faleceu em Palmeira dos Índios.

OBRAS: A Besta do Apocalipse, Inspiração (Conto – publicado pela Indusgraf e Editora Indiana Ltda. Palmeira dos Índios-AL, em 1977). Também escreveu para vários jornais palmeirenses como Opinião Pública e Correio Palmeirense (na década de 50), Juventude Palmeirense ( na década de 60) e para o Jornal Tribuna do Sertão e Jornal Folha de Palmeira (década de 80), além de outros. Nos dois últimos anos de sua vida, escreveu: Os estatutos e a cúpula do cristianismo (Tribuna do Sertão (TS). Outubro de 1997); Criança trabalhando ou delinqüindo? (TS Novembro de 1997); Memórias dos meus 64 anos (TS Novembro de 1997); Pelos banqueiros e contra o povo (TS Novembro de 1997); Outras receitas para o sabor amargo (TS Novembro de 1997) e Por que cristãos leigos? (Tribuna Popular (TP). Abril de 1999).