Graciliano Ramos nasceu no dia 27 de outubro de 1892, na Vila de Victória (Quebrangulo), em Alagoas; filho primogênito do casal Sebastião Ramos de Oliveira e Maria Amélia Ferreira Ferro. No dia 13 de junho de 1895, o coronel Sebastião Ramos de Oliveira, decidiu ir morar com a família em Pedra de Buíque, pequeno povoado do agreste de Pernambuco.
Apesar de ser uma região muito próspera, o coronel e sua esposa decidiram se mudar outra vez. Em novembro de 1899, a família Ramos foi morar na cidade alagoana de Assembléia(Viçosa).
No dia 01 de fevereiro de 1906, quando já morava em Maceió,o futuro escritor passa a ser correspondente do periódico “Echo Viçosense”, de publicação bimensal.Infelizmente este jornal teve vida curta, pois no dia 15 de abril de 1906 circulou pela última vez. Ainda neste mesmo ano, foi publicado na revista carioca “O Malho”, sonetos de Graciliano, que utilizou, para tanto, o pseudônimo Feliciano Oliveira.
No dia 10 de fevereiro de 1909, Graciliano Ramos de Oliveira, na época com 17 anos, começa a colaborar com o “Jornal de Alagoas”, sediado em Maceió, mas com outro pseudônimo: Almeida Cunha. Outros pseudônimos foram utilizados pelo escritor neste matutino, tais como: S. de Almeida Cunha, Soares de Almeida Cunha e Lambada.
Ao completar 18 anos, no dia 27 de outubro de 1910, Graciliano Ramos vem morar em Palmeira dos Índios, adotando definitivamente a Princesa do Sertão como sua nova terra natal. Apaixonou-se por ela. Foi nesta cidade que ele conheceu uma bonita senhorinha,de cabelos aloirados, simpática, de nome Maria Augusta deBarros, sobrinha do futuro e ex-prefeito Antônio Augusto de Barros. Era uma moça pobre, o que levou seu pai a relutar quanto ao possível namoro dos dois.
Pressionado por seu pai, Graciliano viajou no dia 27 de agosto de 1914 para a cidade do Rio de Janeiro. Chegando à capital do Brasil, começou a trabalhar como revisor nos seguintes jornais cariocas: “Correia da Manhã”, “A Tarde” e “O Século”. Colaborou, simultaneamente, com o periódico fluminense “Paraíba do Sul” e como correspondente para o “Jornal de Alagoas”, sob as iniciais RO (Ramos de Oliveira), cujas crônicas estão inseridas no volume “Linhas Tortas”, exceto o artigo “Coisas do Rio”.
Em setembro de 1915, Graciliano regressa a Palmeira dos Índios, quando soube do súbito falecimento de três irmãos e um sobrinho, vítimas de um grande e terrível surte de Peste Bubônica. Ao chegar, tomou conhecimento que Maria Augusta de Barros tinha sido muito dedicada no tratamento de seus familiares, sem demonstrar nenhum receio de contrair a doença.
Maria Augusta se agigantava diante de seus olhos como a companheira ideal. Se ela fora capaz de tanto heroísmo ao tratar de seus familiares, muito melhor seria como esposa e mãe dos seus futuros filhos.
O casamento civil dos dois aconteceu no dia 21 de outubro de 1915. Só algum tempo depois é que Graciliano Ramos, vencido pelos argumentos da família, concordou em casar eclesiasticamente sob as bênçãos da Igreja Católica. Do casal nasceram quatro filhos: Múcio, Márcio, Júnior e Maria Augusta.
Maria Augusta de Barros Ramos viveu somente cinco anos na companhia do escritor, pois faleceu no parto de sua filha, no dia 23 de novembro de 1920, em sua própria casa, localizada na Rua de Baixo atual Major Cícero de Góis Monteiro). Deixou-o viúvo e com quatro filhos para criar.
Em 1916, o Governo Federal instala na cidade de Palmeira dos Índios o Tiro de Guerra Nº 384, quando assentaram praça 120 jovens palmeirenses. Dentre eles estava o escritor Graciliano Ramos de Oliveira.
No dia 30 de abril de 1917, Graciliano Ramos comprou de seu pai a Loja Sincera, estabelecimento comercial localizado no antigo quadro da Intendência (atual Praça da Independência).
O padre Francisco Xavier de Macedo, homem polivalente da Igreja Católica, decidiu criar um hebdomadário em Palmeira dos Índios, e deu-lhe o nome de “O Índio”, cuja primeira edição circulou no dia 30 de janeiro de 1921. O escritor Graciliano Ramos, que há cinco anos não escrevia, foi um dos primeiros colaboradores deste semanário, fazendo ainda uso dos pseudônimos e expressando sua profunda revolta contra as injustiças sociais.
Ele começou a escrever seu primeiro romance (Caetés) em 1925, concluindo-o em 1928. O livro conta episódios, em grande parte, acontecidos em Palmeira dos Índios. O romance obteve retumbante sucesso entre milhões de leitores espalhados pelo Brasil e pelo Mundo.
Destacadas lideranças do município concordaram em apresentar o escritor para disputar o mandato de prefeito, por ocasião da eleição de 07 de setembro de 1927. O romancista foi indicado, não por causa do seu prestígio político, mas por ser homem sério e honesto, um “sangue novo” para extinguir alguns vícios da administração pública.
Tomou posse no dia 07 de janeiro de 1928, juntamente com seu companheiro e vice, comerciante José Alcides de Moraes, na Prefeitura Municipal de Palmeira dos Índios.
A administração de Graciliano Ramos foi muito dura, chegando inclusive a obrigar um fiscal da Prefeitura a multar seu próprio pai. O Conselho Municipal aprovou a Resolução Nº 179 de 22 de agosto de 1928, a qual ditava o novo Código de Postura Municipal.
No dia 12 de junho de 1928, o palmeirense Álvaro Correia Paes assumiu o governo de Alagoas. Porém, não chegou a terminar o mandato em virtude da Revolução de 1930.
Com a renúncia do Prefeito Graciliano Ramos de Oliveira, no dia 10 de abril de 1930, que aceitou o convite do palmeirense e Governador do Estado de Alagoas, Álvaro Correia Paes, para assumir o cargo de Diretor da Imprensa Oficial do Estado de Alagoas, entregando a Loja Sincera aos cuidados dos filhos e aos empregados de confiança, ele se dedicou inteiramente à administração pública.
Num dia de festa das nove noites (Festa da Padroeira, que ia de 23 a 31 de dezembro de cada ano), o escritor Graciliano Ramos viu uma linda senhorinha, que depois veio saber que era hóspede do vigário Francisco Xavier de Macedo: Heloísa Medeiros.
Um ou dois dias depois, Graciliano volta a encontrá-la na antiga Rua da Pitombeira (atual Manoel Gomes). Sob a copa da árvore frutífera que deu nome ao logradouro público, pediu-a em casamento, de maneira inusitada e decidida: “Heloísa, em seu lugar não aceitaria. Acontece que não depende de você. Eu quero. Eu exijo. Ou você aceita ou me arraso”.
No dia 16 de fevereiro de 1928, Graciliano Ramos se casa eclesiasticamente com sua prima Heloísa Medeiros, suas segundas núpcias, na cidade de Maceió. O casamento civil aconteceu quatro dias depois em Palmeira dos Índios.
Graciliano se tornou conhecido nacionalmente através dos seus dois famosos relatórios (10/01/1929 e 11/01/1930), onde ele procurava relatar ao governador Álvaro Correia Paes como tinha sido a sua administração a cada ano e fazia a prestação de como havia gastado o dinheiro do contribuinte. Tais relatórios foram parar nas mãos do editor Schmidt nos princípios de 1930. Quando os leu, ele afirmou que o prefeito deveria ter um ou mais livro em sua gaveta a publicar. Ele não se enganou, o romance Caetés já tinha sido concluído.
Quando renunciou o mandato de prefeito, Graciliano e toda a sua família foram morar em Maceió, em 29 de maio de 1930. Além de ocupar o cargo de Diretor da Imprensa Oficial do Estado de Alagoas, o escritor passa a colaborar com vários jornais, assinando alguns artigos com o pseudônimo Lúcio Guedes. Em dezembro de 1931, Graciliano Ramos se demite do cargo de Diretor e retorna a Palmeira dos Índios nos primeiros dias de 1932. Com aprovação do vigário Padre Francisco Xavier de Macedo, ele abre na sacristia uma pequena escola e, nas horas vagas, escreve os dezenove primeiros capítulos do seu segundo romance São Bernardo.
Do seu segundo casamento com Heloísa, Graciliano teve os seguintes filhos: Luíza, Clara (Clarita) Ricardo e Roberto Medeiros Ramos, que veio a falecer. Em abril de 1932, por motivo de doença grave, o escritor Graciliano Ramos se internou no Hospital de São Vicente (Santa Casa de Misericórdia), onde sofreu uma intervenção cirúrgica e foi se convalescer na casa de seu sogro, Américo Medeiros, permanecendo até o dia 29 de junho, quando retornou a Palmeira dos Índios.
No dia 18 de janeiro de 1933, Graciliano Ramos de Oliveira foi nomeado Diretor da Instrução Pública de Alagoas, passando, outra vez, a residir com a família na capital alagoana. Ingressa neste mesmo ano como redator do Jornal de Alagoas, onde publicou vários artigos.
No final do ano é publicado seu 1º romance “Caetés”, na cidade do Rio de Janeiro, pelo editor Schmidt. E, foi no Jornal de Alagoas, na edição do dia 17 de janeiro de 1934, que noticia a publicação de “Caetés”.
Já em 18 de novembro de 1934, em Palmeira dos Índios, falecia seu querido pai, o coronel Sebastião Ramos de Oliveira. Esta foi a última vez que Graciliano veio a Palmeira dos Índios. Ainda em 1934, é lançado pela Editora Ariel, do Rio de Janeiro, seu segundo romance: “São Bernardo”.
Em 1936, a carreira de Graciliano é interrompida de maneira trágica. Ele é preso em Maceió, acusado de pertencer ao proscrito Partido Comunista. Sem nenhum processo judicial, é enviado ao Recife/PE, onde depois de alguns dias é embarcado, juntamente com outros 115 presos, para a cidade do Rio de Janeiro. Viviam-se os tempos da ditadura de Getúlio Vargas.
Paralelamente, no dia 03 de março de 1936, era lançado na cidade maravilhosa, pela Editora José Olímpio, seu terceiro romance, “Angústia”, que veio obter, em setembro deste mesmo ano, o prêmio “Lima Barreto” da Revista Acadêmica.
No dia 13 de janeiro de 1937, Graciliano Ramos é libertado por interferência de amigos, entre os quais o paraibano José Lins do Rego. Ao sair da prisão, o escritor decide ficar morando, definitivamente, no Rio de Janeiro, onde, em abril desse mesmo ano, ganha o prêmio “Literatura Infantil” do Ministério da Educação, com seu livro “A Terra dos Meninos Pelados”.
Um dos mais famosos e conhecidos romances do escritor Graciliano Ramos vem surgir em 1938, no Rio de Janeiro, e é intitulado de “Vidas Secas”, também publicadas pela Editora José Olímpio. Este clássico da literatura brasileira foi levado ao cinema em 1963, numa produção de Nelson Pereira dos Santos, filmado no povoado de Minador do Negrão, em Palmeira dos Índios, obtendo prêmios. Em agosto de 1939, o romancista Graciliano Ramos de Oliveira é nomeado Inspetor Federal do Ensino Secundário no Rio de Janeiro e publica o livro “A Terra dos Meninos Pelados”, em Porto Alegre, pela livraria “O Globo”.
Em março de 1941, inicia a publicação de uma série de crônicas “Quadros e Costumes do Nordeste”, depois incluídas no livro “Viventes das Alagoas”, com exceção da crônica “Uma Visita Inconveniente”.
No dia 27 de outubro de 1942, ao completar 50 anos de idade, Graciliano Ramos recebeu o prêmio “Felipe de Oliveira” pelo conjunto de suas obras. Neste mesmo ano foi publicado pela Livraria Martins, de São Paulo, o romance “Brandão entre o Mar e o Amor”, escrito em parceria com os escritores Jorge Amado, José Lins do Rego, Aníbal Machado e Raquel de Queiroz. Coube ao escritor Graciliano escrever a terceira parte deste romance intitulada “Mário”.
Em 1943, o mestre Graça foi homenageado com uma coletânea, que recebeu o título “Homenagens a Graciliano”, onde estão reunidas artigos, discursos e opiniões sobre a comemoração do seu cinqüentenário.
No dia 04 de setembro de 1943, em Palmeira dos Índios, falecia sua mãe, dona Maria Amália Ferro Ramos.
Em 1944, surgiu no Uruguai a edição do livro “Angústia”, sua primeira obra traduzida.
Graciliano entrega ao seu fiel público o livro “Histórias de Alexandre”, reunindo as fanfarrices de um típico mentiroso, anos mais tarde aproveitadas pelo humorista Chico Anísio no personagem “Pantaleão”. Este livro infantil foi publicado pela Editora Leitura, sediada no Rio de Janeiro e reeditado em 1960, com o título “Alexandre e outros heróis”.
Graciliano Ramos de Oliveira, em 1945, ingressa definitivamente no Partido Comunista e publica os livros “Infância” (Memórias), pela Editora José Olímpio e “Dois Dedos” (Contos), pela Revista Acadêmica do Rio de Janeiro. Neste mesmo ano era lançada a rádio-novela “São Bernardo”, transmitida pela Rádio Globo (Rio de Janeiro) e anos depois reprisada pela Rádio Jornal do Comércio (Pernambuco). Em 1946, o escritor alagoano publica em Porto Alegre/RS, pela Editora Globo, a obra “Histórias Incompletas”, onde reunia os contos “Dois Dedos”, o inédito “Luciana”, três capítulos de “Vidas Secas” e quatro de “Infância”.
“Insônia” foi publicada em 1947, no Rio de Janeiro, pela Editora José Olympio, obra em que Graciliano Ramos quebra a tradição do conto narrativo, até então predominante na literatura regional, e faz nela uma literatura introspectiva, para melhor situar a vida interior e dos personagens. Paralelamente, era publicado na Argentina, o romance “Infância”, a primeira tradução desta obra. Em 1950, Graça traduz o romance “A Peste”, do francês Albert Camus, lançado pela Editora José Olímpio.
No dia 31 de março de 1951, Graciliano Ramos foi eleito presidente da Associação Brasileira dos Escritores, tomando posse a 26 de abril do mesmo ano. Seria reeleito em 1952 e, neste ano, a Editora Vitória, do Rio de Janeiro publica “Sete Histórias Verdadeiras”, extraídas das “Histórias de Alexandre”.
O escritor palmeirense Graciliano Ramos de Oliveira faz a sua primeira viagem ao exterior no dia 21 de abril de 1952. Nela, Graça visita a União Soviética, a Tcheco-Eslováquia, França e Portugal. As impressões que ele teve dos dois primeiros países visitados figuram no livro “Viagem”, publicada postumamente em 1954. Regressou ao Brasil no dia 16 de junho daquele mesmo ano, bastante doente.
No dia 13 de setembro de 1952, gravemente enfermo, Graciliano Ramos viaja a Buenos Aires, na Argentina, em busca de melhores tratamentos médicos. Lá, é submetido a uma intervenção cirúrgica. Regressou ao Rio de Janeiro no dia 05 de outubro deste mesmo ano, desenganado pelos médicos.
Na passagem do seu sexagenário, no dia 27 de outubro de 1952, Graciliano Ramos recebeu uma merecida homenagem de amigos e admiradores no São Nobre da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, numa sessão presidida por Peregrino Júnior, membro da Academia Brasileira de Letras. Em nome do homenageado que se achava enfermo, agradeceu sua filha Clarita Ramos.
Graciliano Ramos foi internado às pressas no dia 25 de janeiro de 1953, na Casa de Saúde e Maternidade São Victor, na praia de Botafogo, no Rio de Janeiro.
No dia 20 de março, faleceu o escritor, que em uma de suas entrevistas afirmou que queria ter nascido em Palmeira dos Índios, pois foi nela que se consolidou a inspiração pela literatura e conheceu o amor. O fato aconteceu as 05h35, uma sexta-feira, com 60 anos e alguns meses, em Bangu, Rio de Janeiro, na rua que hoje recebe o seu nome. Seu sepultamento aconteceu no dia 21, no Cemitério de São João Batista, saindo o féretro da Câmara Municipal do Rio de Janeiro (Palácio Pedro Ernesto).
No dia 05 de outubro de 1973, sua última residência, situada na Rua José Pinto de Barros, em Palmeira dos Índios, foi tombada pelo patrimônio histórico do Brasil, e o governador Afrânio Lages entregou para seus admiradores a Casa Museu Graciliano Ramos, onde são encontrados objetos de uso pessoal, livros, reportagens, artigos de jornais, revistas, crônicas, críticas, traduções e edições estrangeiras deste homem considerado o maior romancista brasileiro. Essa casa foi reconhecida como patrimônio nacional, em 20 de abril de 1965, elevando o imóvel ao nível de monumento nacional. Ela foi aberta ao público no dia 01 de junho de 1973 e o seu auditório foi inaugurado em 1988. Este trabalho de reconhecimento foi fruto do escritor Valdemar de Souza Lima.