Carlos Pontes de Almeida

CADEIRA Nº 14

ACADÊMICO: Jorge e Araújo Vieira

Carlos Pontes, dotado de extraordinário senso de equilíbrio, escritor escrupuloso e investigador incansável, dedicou um livro e vários artigos sobre Aureliano Cândido TAVARES BASTOS, que valem mais que um monumento. Foi editado na coleção Brasiliana em 1939 e logo se tornou uma raridade bibliográfica, tal a justa acolhida que teve por parte da crítica.
Carlos Pontes consultou os arquivos do próprio biografado – a Coleção Tavares Bastos – na Biblioteca Nacional, estudou criteriosamente os papéis de Saraiva e Nabuco de Araújo existentes no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (além de documentos ainda existentes em poder da família), investigou a extensa bibliografia da época, leu os jornais contemporâneos, e com essa imensa preparação elaborou uma narrativa, densa de pensamentos, extremamente segura nos fundamentos, mas equilibrada nas proporções.
Carlos Pontes, filho de Avelino Marques de Almeida e de dona Escolástica Pontes de Almeida nasceu no município de Palmeira dos Índios, no distrito de Olhos D’Água do Acioly (hoje município de Igaci), em 27 de Abril de 1885. Em 1889, deixou o município de Palmeira dos Índios, e com seus pais foi residir na velha cidade das Alagoas, atual Marechal Deodoro. Foi alfabetizado pelos próprios pais. Depois de alfabetizado, foi estudar no Colégio do Professor Adriano Jorge, em Maceió, Alagoas.
Carlos Pontes cursou Direito na Faculdade de Direito de Recife, Pernambuco, formando-se em 1907. Para aquela época este jovem chamava a atenção dos demais colegas, pois era o mais jovem da turma, por que não dizer o mais inteligente, pois o mesmo terminou o curso de Direito com apenas 20 anos de idade. Mostrava-se um tanto tímido ao se relacionar com as pessoas, mas era muito inteligente e acabava superando qualquer obstáculo que insistisse em cruzar o seu caminho. Carlos Pontes, na realidade, era um adolescente, mas sabia o que queria na época.
Na década de 20, dos trinta e cinco deputados, dezoito tinham o curso superior e sete pertenciam à Academia Alagoana de Letras e alguns outros ao Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas. Entre estes, Carlos Pontes, Guedes de Miranda, Lima Júnior, Jaime de Altavila, Américo Melo, Artur Acioli, Tito de Barros, Otávio Amazonas e José Calheiros.
No Estado do Pará, foi Promotor Público na cidade de Igarapeassu, Secretário do Tribunal Superior do Estado do Pará, onde também foi Deputado Estadual.
Em Alagoas, foi Deputado Estadual por duas legislaturas e Inspetor Federal de Ensino, junto ao Liceu Alagoano, na época do então governador Costa Rego.
Carlos Pontes foi amigo do também imortal presidente atual da Academia Alagoana de Letras, Dr. Ib Gato Marinho Falcão.
Em 25 de maio de 1939, o deputado Estadual Carlos Pontes, futuro biógrafo de Tavares Bastos, apresentou projeto transformando-o em lei, para reedição das obras daquele conterrâneo. No Rio de Janeiro, foi Diretor da Biblioteca da Caixa Econômica Federal (cargo no qual se aposentou) e, ainda, colaborador de vários jornais e revistas.
Carlos Pontes assumiu a cadeira de número 38 da Academia Alagoana de Letras, cujo Patrono é Messias de Gusmão. Foi seu antecessor Leite Oiticica, e seu sucessor João Arnoldo Paranhos Jambo. Acadêmico e imortal.

TRABALHOS PUBLICADOS:
· Tavares Bastos (Aureliano Cândido, 1839-1875) Livro brasiliana, volume 136 – 2ª Ed. 1975;
· Estudos Completos sobre Tavares Bastos;
· Tavares Bastos;
· Tavares Bastos e o Uruguai.

Vejamos um trecho do discurso de Carlos Pontes sobre os homens livres e seus pensamentos.
“Os pensadores desaparecem, mas não morrem; a tribuna fica muitas vezes vazia, mas os grandes oradores que a ocupam deixam-na assombrada com os seus vultos. O eco leva e devora o som, mas a palavra, embora morta, permanece e perpetua-se, e ainda agita quanta inteligência a for encontrar sepultura nas folhas dos livros, ou nas catacumbas dos anais parlamentares.”

Carlos Pontes casou com dona Alzira de Miranda Pontes, com quem teve quatro filhos.
O seu falecimento aconteceu na cidade do Rio de Janeiro em 19 de Abril de 1957, com 72 anos de idade. Faleceu no dia dedicado ao Índio, querendo assim homenagear sua terra natal, Palmeira dos Índios.