Manoel Bezerra e Silva

CADEIRA Nº 09

ACADÊMICO: Antônio Melo de Almeida

Manoel Bezerra e Silva nasceu na cidade de Palmeira dos Índios, Estado de Alagoas, no dia 15 de Janeiro de 1908. Filho de Martiniano Alves e Silva e Maria José Bezerra Cavalcanti, iniciou suas primeiras letras aos sete anos de idade, da Escola Primária de Nossa Senhora do Amparo, mantida pelo vigário da freguesia, Cônego João Guimarães Lessa. Com o encerramento das atividades deste estabelecimento de ensino, em 1917, o futuro escritor continuou estudando em escolas isoladas, dirigidas pelas grandes professoras Hermelinda de Souza Pimentel e Sinhazinha Muritiba, concluindo o então Curso Primário na escola da instrutora Rosa de Matos Moreira. Era, fundamentalmente, um autodidata.
Quando atingiu a idade de dezesseis anos, Manoel Bezerra e Silva passou a trabalhar no comércio de Palmeira dos Índios, mas não abandonou os livros, ampliando seus conhecimentos em paleógrafo, romances, livros históricos ou naqueles que aparecessem.
Em 1926, a convite do então prefeito Manuel Sampaio Luz (Juca Sampaio), Manoel Bezerra e Silva ingressou na Prefeitura Municipal de Palmeira, exercendo a função de fiscal. Em 1928, transferiu-se para a Prefeitura Municipal de Viçosa, na gestão do então mandatário Dr. Manoel Brandão Villela e ficou trabalhando ao lado de Sebastião Cardoso e outros funcionários.
Já no ano de 1929, atendendo a um convite do Prefeito Graciliano Ramos de Oliveira, retorna a sua terra natal para trabalhar na Prefeitura Municipal. Nos fins de 1929, Manoel Bezerra e Silva deixou a Prefeitura e foi trabalhar na Loja de Tecidos dos empresários José Alcides Osório de Moraes e seu irmão Osório de Acioly de Moraes. Logo depois, ele foi trabalhar na firma comercial de Antônio Clemente Gonçalves.
Querendo conheceu o sertão nordestino, Manoel Bezerra e Silva chegou à cidade de Mata Grande/AL, no dia 05 de dezembro de 1931, onde passou quinze dias. Entretanto, foi convidado pelo padre Manoel Firmino Pinheiro, Prefeito do Município, para assumir uma Secretaria, aceitando imediatamente a oferta.
Nessa cidade permaneceu até o dia 05 de fevereiro de 1933, quando se demitiu por não concordar com a mudança radical na política por que passou o Estado de Alagoas, mas continuou ao lado do prefeito de Mata Grande até o mês de junho, como assessor na sua política.
Nesse ínterim, recebeu um convite do prefeito de Moxotó-PE para acertar a escrita da sua Prefeitura, o que aceitou de imediato. Depois de provar sua competência e capacidade para o serviço, foi convidado a permanecer à frente desta Secretaria, exercendo, também, cumulativamente o cargo de Delegado de Ensino, bem como o de Preposto de Coletor Estadual. Nesse tempo, Bezerra e Silva já se mostrava interessado pela literatura. Começou a escrever pequenos artigos para os jornais, principalmente sobre as atividades do município e os publicava no semanário “Diário da Manhã” da cidade do Recife-PE, e passou a colaborar com o jornal “Arco-Verde”, do município de Rio Branco-PE.
Quando ainda se encontrava em Mata Grande, Manoel Bezerra e Silva ficou noivo de Afrade de Oliveira Fortes, com quem contraiu matrimônio no dia 05 de março de 1935 e deste casamento nasceram nove filhos. Sua esposa, porém, não gostava de morar em Moxotó. Como Bezerra e Silva já tinha sido convidado a trabalhar na loja de tecidos do empresário palmeirense Humberto Correia Mendes, não pensou duas vezes e retornou para a terra que o viu nascer: Palmeira dos Índios.
Por motivo de doença, Bezerra e Silva voltou a morar no alto sertão alagoano, desta feita na cidade de Água Branca. Neste município foi trabalhar, cumulativamente, nos cargos de Redator Chefe das Atas da Câmara Municipal e no de 1º Agente do Departamento de Estatística do município. Para ajudar no orçamento da família, Bezerra e Silva abriu uma pequena mercearia em nome da mulher.
Com o golpe de 10 de novembro de 1937, foi forçado a assumir compromissos com os políticos de Mata Grande, voltando para o antigo cargo de Secretário no dia 05 de fevereiro de 1938, exatamente quando completava cinco anos de seu afastamento.
Em abril de 1942, por determinação do interventor Ismar de Góis Monteiro, Bezerra e Silva assumiu o cargo de prefeito de Mata Grande por três meses, voltando, em 1944, a assumir o mesmo cargo por mais dois meses, até que foi eleito presidente da Cooperativa Agrícola do Município. Em 1947, foi renomeado prefeito de Mata Grande por determinação do governador Silvestre Péricles de Góes Monteiro e assumiu o cargo de Secretário da Legião Brasileira de Assistência (LBA), secção de Mata Grande.
Paralelamente, Bezerra e Silva foi correspondente de todos os jornais da capital alagoana, além de ter sido, também, do matutino “O jornal” e de “A Noite”, ambos da cidade do Rio de Janeiro. Afastou-se do serviço público em 1950 e passou a residir em Maceió, onde instalou uma pequena fábrica de refrigerante. Em 1959, voltou a escrever para o Jornal de Alagoas, no caderno “Páginas dos Municípios”, para a Gazeta de Alagoas e outros jornais do Estado. Nomeado, foi exercer a função gratificada de Assistente do Gabinete do Delegado Regional, em cuja função permaneceu até a extinção do SAPS, sendo em seguida transferido para o Ministério do Trabalho, quando se aposentou depois de 36 anos de serviços prestados aos municípios, aos Estados e à Nação Brasileira. Em 19 de dezembro de 1985 foi empossado como membro do IHGA (Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas). Morreu dois anos depois, na capital pernambucana, no dia 03 de dezembro de 1987.

OBRAS:

Terra dos Xucurus (Memórias – Imprensa Oficial – Maceió – Al – 1969); Terra dos Xucurus II (Memórias – Imprensa Oficial – Maceió – Al – 1972); Lampião e suas façanhas (História – Premiado pela Academia Alagoana de Letras – Maceió/AL 1966); Mentir também é arte (Folclore – Serviços Gráficos de Alagoas – Maceió/AL 1973); Lampião e suas façanhas II (História – Sergasa – Maceió/AL 1978); Trindade, terra sem lei (Romance – Política Sertaneja – Sergasa – Maceió/AL 1978); O sertão que eu conheci (Memórias – Humorismo – Política e folclore – Sergasa – Maceió/AL 1979), contendo carta-prefácio do poeta Jucá Santos; Visitando Quelé (Folclore – Sergasa – Maceió/AL 1981); e As minhas memórias (Memórias – Sergasa – Maceió/AL 1984).