Luiz de Mello Motta

CADEIRA Nº 06

ACADÊMICO: José Geraldo Passos Lima

Leobino Soares da Motta e Adelaide de Mello Motta formou uma numerosa prole. À época, era o orgulho de uma família o número elevado de filhos. E o casal tinha motivo de sobra para se envaidecer. Dezesseis filhos. Sendo oito homens e oito mulheres. Contudo, os herdeiros ficaram reduzidos a doze (seis homens e seis mulheres) em razão da morte de dois meninos e duas meninas, ainda na infância.
Luiz de Mello Motta era o mais velho dos filhos homens. Nasceu em 1901 em Palmeira dos Índios – AL. Seus irmãos eram: Lourival, Lindenor, Lizanel, Lenivaldo e Lenine (o mais novo). As mulheres eram: Laura (que foi esposa do ex-Prefeito de Palmeira, José Pinto de Barros), Lindinalva, Lecila, Lígia, Letícia e Luna.
Leobino era um abastado proprietário e homem de negócios. A sua riqueza facilitou a formação e a educação dos filhos. Era o seu mais acalentado sonho vê-los todos diplomados e detentores de caráter pessoal irretocável. Nenhum decepcionou o patriarca.
Na cidade de Palmeira dos Índios do começo do século XX, levando-se em conta as dificuldades e carências de uma comunidade encravada numa região mista de agreste e sertão, a família Mello Motta, historicamente, foi considerada a mais importante no desenvolvimento da terra xucuru. Como prova da afirmativa, três dos filhos de Leobino e Adelaide são patronos das cadeiras 06, 07 e 08 da Academia Palmeirense de Letras, Ciências e Artes.
Luiz de Mello Motta fez os estudos primários na sua terra natal. Continuou-os em Maceió, no Liceu Alagoano. Após concluir o curso secundário, por volta de 1919, prestou exame vestibular para a Faculdade de Medicina da Bahia, onde foi diplomado. Fez residência médica na Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro, especializando-se em Pediatria. A antiga Capital da República lhe acenava com melhores condições e oportunidades para exercer as suas atividades profissionais. Montou consultório na Avenida Presidente Roosevelt. Pela sua inegável competência e o conceito deixado ante seus mestres, no período da residência médica, tornou-se um dos mais jovens professores da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro.
Apesar da sua vida profissional assentada tão distante da sua terra natal, desta ele não esquecia. Pelo menos uma vez por ano, aproveitando o período de suas férias, ele vinha a Palmeira dos Índios onde permanecia entre vinte e trinta dias atendendo e fazendo, gratuitamente, pequenas intervenções cirúrgicas na população mais carente de atendimento médico.
Luiz de Mello Motta não casou, nem deixou herdeiros. Desprendido dos seus bens materiais, distribuía-os pelo prazer de servir aos mais necessitados. Alguns dos seus imóveis situados em Palmeira ele doou à paróquia de Nossa Senhora do Amparo. Tal decisão foi estimulada pela amizade que dedicava ao Padre Francisco Xavier de Macedo – vigário da Matriz.
Em 1950 fechou o seu consultório na Avenida Presidente Roosevelt e, antes de aposentar-se da profissão de médico-pediatra, ficou prestando seus serviços médicos na Santa Casa de Misericórdia, a mesma onde ele fez residência médica ao se formar. Aposentou-se quando os primeiros sintomas do “Mal de Alzheimer” tomaram conta da sua saúde.
Luiz de Mello Motta vivia em seu apartamento da Rua Álvaro Alvim, na Cinelândia. Aos irmãos e aos amigos mais íntimos costumava dizer que lhe havia chegado o momento de se preparar para a “grande viagem”. Vendeu a sala onde tinha o consultório e com parte do dinheiro adquiriu um lote do Cemitério São João Batista, no Rio, e nele ergueu um suntuoso mausoléu. Ali ele foi sepultado em 1984. Alguns dos seus familiares (irmãos e irmãs) tiveram o imponente jazigo como a última morada.
Pela dedicação a medicina pediátrica, como professor catedrático da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro e como médico de renome, o palmeirense Luiz de Mello Motta é uma referência para as gerações presentes e futuras.No modelo da melhor tradição de famílias nordestinas de prole numerosa, cujos pais na grande maioria labutam uma vida de trabalho duro e sem trégua, nasceu LUIZ DE MELLO MOTTA, no alvorecer do século XX. Filho de Leobino Soares da Motta e Adelaide de Mello Motta, Luiz era um dos dezesseis nascidos do casal, dos quais somente doze atingiram a idade adulta, fato este que já se constituía numa bênção, porque o índice de mortalidade infantil naquela época era representado por números estatísticos altíssimos.
O patriarca da família era um homem de preocupação constante com a formação dos seus herdeiros, traçando-lhes dois paralelos fundamentais em seus 7modelos de vida: trabalho e educação. Assim, Luiz fez seu estudo primário na sua terra natal e deu continuidade na capital, para onde foi com alguns de seus irmãos, visto que em Palmeira o nível de ensino não ia além do elementar.
No Liceu Alagoano concluiu o curso secundário ainda nos anos vinte, deixando, logo após, a sua terra e indo buscar no Rio de Janeiro a formação superior, abraçando a sua vocação maior – a Medicina.
Enfrentou e conseguiu aprovação no exame vestibular para a Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde se especializou em Pediatria. Com o diploma debaixo do braço, fez a viagem de volta a sua Palmeira dos Índios, com o sonho de nela se fixar e aplicar o seu aprendizado, cuidando das crianças palmeirenses. Logo descobriu que na sua terra não teria condições de empreender as suas pesquisas na área da medicina pediátrica. Retornou ao Rio de Janeiro e, por ter sido um dos mais brilhantes alunos da Faculdade na especialidade escolhida, teve reconhecida a competência como médico e professor e não demorou a ocupar a cátedra de Mestre e tornar-se um dos mais conceituados pediatras.
Durante sua vida de competente clínico e formador de novos médicos, escreveu alguns tratados sobre Pediatria. Hoje seu nome é lembrado com láureas na Sociedade Brasileira de Pediatria, como médico dedicado e mestre competente. Faleceu em 1984, na cidade do Rio de Janeiro.